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quinta-feira, 9 de abril de 2020

O delinquente Carlos Frederico Espig

Mas como assim, delinquente???

Pois é, não são palavras minhas mas sim de um achado meu, um processo criminal de 1865 que consegui ler ano passado no APERS (Arquivo publico do RS):






   O caso que o meu trisavô Carlos se meteu reflete por um lado a união de alguns moradores (amigos e vizinhos) da comunidade denominada Picada Olinda ao resgatar um colono da mesma comunidade enquanto era escoltado pelo Oficial de Justiça e três guardas nacionais, e, por outro lado, as divergências, os conflitos e as inimizades existentes entre os moradores e o Diretor da Colônia de Nova Petrópolis e o Inspetor de Quarteirão. 

   No dia 6 de março de 1865, mais de trinta colonos moradores da colônia Nova Petrópolis, uns armados com facões e outros com relhos e paus, teriam tirado das mãos do Oficial de Justiça Antônio Rodrigues de Almeida o réu João Gotlieb Schumann, que seria conduzido à Cadeia Civil de São Leopoldo, para cumprir uma pena de três meses de prisão. Destes, sete foram pronunciados como réus no processo: Carlos Frederico Espig, Frederico Grefenhagen, Roberto Schumann, Fernando Schumann, Frederico Hoefel, Albrecht Schwartzbold e Carlos Schwartzbold.  O causo foi narrado pelo inspetor assim mesmo:

Dirigi-me com três guardas nacionais que requisitei no quinto distrito para me auxiliarem, no dia 6 do corrente, e chegando aquela colônia, na casa do dito réu, depois de me fazer conhecer e cientificado o mandado de V. S. dei-lhe voz de prisão, que prontamente me acompanhou. Acontece, porém, que depois de ter caminhado o termo de uma légua e vendo que o preso me acompanhava mansamente, despedi os guardas e conduzindo-o só, chegando em frente a casa de negociante Carlos Buss, fui acometido por um grupo de mais de trinta homens moradores daquela colônia, uns armados de facões e outros de relhos e cabos de pau, e prorrompendo em altos gritos, exigiram-me o preso declarando-me que se eu não entregasse atirariam a viva força. Disse-lhes em idioma alemão que o preso vinha por ordem de V. S. que não cometessem esse ato de violência por que cometiam um crime grave. Nada, porém, foi bastante para conter esses resistentes que já se prepararam para ofender-me. Então formei o auto junto podendo apenas conseguir que duas testemunhas assinassem, e depois de em altas vozes prender aos a ordem de V. S. deixei o preso visto que me era impossível a vista de tão grande número repelir com força

   Os réus acima, além dos demais colonos despronunciados, buscaram evitar que seu amigo e vizinho João Gotlieb Schumann, réu no primeiro processo, fosse preso para cumprir a pena de três meses de prisão simples. Todavia, tal atitude não impediu que Schumann cumprisse a pena designada pelo Juiz de Direito, sendo, pois, cumprida até o dia 19 de junho de 1865, quando foi solto e o processo encerrado. Quanto aos réus do segundo processo, em 24 de julho de 1865, o Juiz de Direito da 1ª Vara Crime, Luiz José de Sampaio, proferiu a sentença, condenando-os a dois anos e quatro meses de prisão simples e multa, sendo, contudo, no dia 27 do mesmo mês e ano expedido um ofício do Gabinete do Ministro da Guerra, no qual o Imperador perdoava as penas imputadas aos réus.


    Lendo o processo, ali constava o depoimento feito pelo proprio Carl Friedrich Espig em pessoa, assim como assinatura de testemunhas. Interessante ali que seu pai e irmaos estavam presente, aqui embaixo podemos ver as assinaturas do pai Carl Ferdinand Espig, irmao Robert Espig e do Carl Friedrich Espig:




  O depoimento do Carl Friedrich Espig foi obviamente feito em alemão, com a traduçao inserida no processo:




    Durante o depoimento, o juíz perguntou informaçoes como identificaçao, profissao e proveniencia dele. O fato desconhecido é que ele se declarou como "profissão Ferreiro (provavelmente ainda em Chemnitz mas possivelmente tambem ferreiro ali por Nova Petropolis) e que atualmente trabalha como lavrador". Alem disso nao se declarou Alemao mas sim proveniente do Reino da Saxonia. E que sabia muito pouco o idioma Alemão:



Para completar, parece que o Carlos estava acompanhando os outros instigadores mas não correu a pau o Inspetor.. foi na turma do "vamos junto" e entrou no causo:




De qualquer maneira, o Carlos foi tentar ajudar o seu amigo que achava estar sendo injustiçado. Pra quem não sabia se tinha algum criminoso na familia, aí está... desde 1865 :-)




Um comentário:

  1. Olá Andrio! Primeiramente gostaria de te parabenizar pelo excelente trabalho, ontem comecei minha busca pela família Espich e estou encantada com tuas pesquisas. Meu antepassado é Edwin Espich, irmão gêmeo do teu avô Arvin. Minha avô, Nelsi, filha do Edwin ainda mora na região de Marques de Souza, assim como as irmãs e um irmão. Gostaria DEMAIS de trocar contatos contigo, é possível??

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